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Ainda é cedo para discutir cenáriosdort roulette2026. Muita água vai passar embaixo da ponte. Inclusive muita água suja, como se pode constatar vendo as previsões relativas ao resultado das eleições municipaisdort roulette2024.
Isto posto, a preçosdort roulettehoje, a depender do cenário, a direita e a extrema-direita têm vários presidenciáveis, desde o cavernícola edort rouletteconsorte, até alguns governadores.
Pois bem: podemos ter divergências sobre qual será o efeitodort roulettemédio prazo da política que está sendo conduzida pelo ministério da Fazenda, encabeçado por Haddad. Mas está cada vez mais evidente que, no curto prazo, seus efeitos não serão eleitoralmente positivos, nemdort roulette2024, nemdort roulette2026.
Detalhes a respeito estão espalhadosdort rouletteinúmeros textosdort rouletteanálise do arcabouço fiscal, o mais recente dos quais - acerca da PLDO 2025 - eu reproduzo ao final. Como se poderá constatar, confirmam-se as previsõesdort rouletteque, para fechar as contas, a Fazenda vai pressionar pela revogação dos pisos constitucionais da saúde e da educação.
Enfim, a política fiscal do governo Lula, alémdort rouletteerradadort roulettesi mesma, pelos motivos explicados noutros textos, tem como efeito político imediato reduzir o lequedort rouletteopções eleitorais do PT para 2026. Se este é o plano, dá dando certo.
Alguém poderá dizer: "mas tem 2030!" É verdade, tem 2030. Mas no ritmodort rouletteque as coisas estão indo, com as duas direitas fungando no nosso cangote,dort roulette2030 a esquerda corre o riscodort roulettenão estar muito bemdort roulettesaúde.
preliminares sobre o PLDOdort roulette2025 e a ameaça ao piso da saúde. Ao dar uma primeira olhada no Projetodort rouletteLeidort rouletteDiretrizes Orçamentáriasdort roulette2025, minha reação foidort roulettecompleta incredulidade. Nas projeções fiscais do PLDO para os gastos com saúde (obrigatórios com… https://t.co/n3ctCryhrp" / X (twitter.com)
preliminares sobre o PLDOdort roulette2025 e a ameaça ao piso da saúde.
Ao dar uma primeira olhada no Projetodort rouletteLeidort rouletteDiretrizes Orçamentáriasdort roulette2025, minha reação foidort roulettecompleta incredulidade.
Nas projeções fiscais do PLDO para os gastos com saúde (obrigatórios com controledort roulettefluxo), o governo parece pressupor o fim do piso constitucional já a partirdort roulette2025. Isso confirma e ratifica as declarações recentes da equipe econômica, que se opôs publicamente aos atuais mínimos constitucionais para saúde e educação, conquistas históricas do nosso povo.
Para que as projeções e/ou projetos do governo apontados no texto se concretizemdort roulettefato, é necessário que uma Propostadort rouletteEmenda à Constituição (PEC) seja aprovada no Congresso ainda neste ano, revogando os atuais pisos constitucionais da saúde e da educação. Portanto, nada está perdido. Ainda.
O PLDO revela intenções claras do governodort roulettepromover um declínio contínuo nos gastos com saúdedort roulette2025 a 2028, representando um retrocesso flagrantedort roulettecomparação com o modelo atual. Para 2024, a projeçãodort roulettegastos começadort rouletteR$ 153,4 bilhões e segue uma trajetóriadort roulettequeda anual, atingindo R$ 148 bilhõesdort roulette2028 (a preçosdort roulette2024).
Essa redução é ainda mais drástica para essa variável específica que o congelamento imposto durante a gestão Temer, configurando uma verdadeira trajetóriadort roulette'derretimento', conforme descrito na tabela 7 do PLDO 2025.
Em decorrência da contínua e deliberada deterioração relativa dos gastos com saúde, o governo prevê diminuir a proporção desses gastosdort rouletterelação ao PIBdort roulette1,33%dort roulette2024 para 1,15%dort roulette2028 (tabela 6).
É importante ressaltar que o anúncio deste projeto ocorreu no mesmo diadort rouletteque foi divulgada uma suposta parceria entre o governo e o Congresso para a aprovaçãodort rouletteuma PEC que visa estabelecer um piso para aumentar os gastos com as Forças Armadasdort roulette1,2% do PIB para, no mínimo, 2%.
Há também a promessadort rouletteredução do tamanho do Estado como um tododort rouletteproporção ao PIB.
O diagnóstico do governo é claro: considera que o Brasil gasta muito com saúde, educação e demais áreas públicas. Portanto, pretende construir uma economia com mais mercado e menos Estado. Concretamente, promete reduzir os gastos primários totaisdort roulettequase 19,63% do PIBdort roulette2023 para 17,85%dort roulette2028 (PLDO 2025, p. 146).
Um trecho curioso do PLDO é quando o governo menciona que pretende realizar uma ampla revisãodort roulettegastos com o seguinte objetivo:
"O processodort rouletterevisãodort roulettegastos no âmbito do Poder Executivo federal surge como uma resposta estratégica e proativa a três desafios: (1) reduzir a pressão das despesas obrigatórias, que têm previsãodort roulettecrescimento, por força legal edort roulettemovimentos sociodemográficos (...)."
Sinceramente, é razoável para um governo progressista atuar para reduzir despesas que tendem a crescer para acompanhar o aumento da demanda da população por um determinado serviço?
Como a população brasileira está envelhecendo, por exemplo, há obviamente pressão para a ampliação com gastosdort roulettesaúde. Diante deste cenário, a atitude sensata é atuar para reduzi-los?
Antecipando-se às críticas, o governo defende que os cortesdort roulettegastos serão compensados por um 'aumentodort rouletteeficiência'. Naturalmente, argumentam que o cerne dos problemas na saúde e educação reside na eficiência. Segundo essa lógica, reduzindo os salários dos professores e dos profissionaisdort roulettesaúde, a eficiência, por consequência, aumentaria.
Detalhe: embora o governo, por motivos óbvios, não mencione explicitamente saúde e educação como alvos diretos das revisões, as tabelas anexadas e o Relatóriodort rouletteProjeções Fiscais do Tesouro deixam claro essa intenção. O relatório revela que foram realizados estudos visando a retiradadort roulettemaisdort rouletteR$ 500 bilhões dessas áreas até 2033.
Diante deste cenáriodort roulettecontração fiscal dos gastos e investimentos públicos, como o governo pretende gerar crescimento econômico nos próximos ?
(i) Contração fiscal expansionista e... progresssista. Baseadosdort roulettesuposições sem evidências, apostam que a reforma tributária e a contração fiscal reduzirão significativamente 'a tal taxa neutradort roulettejuros' (p. 123). Esta hipótese neoliberal, amplamente falha e ridicularizada por fartas evidências históricas, é hoje criticada até pelo FMI. Apenas os mais ardorosos defensores do neoliberalismo ainda sustentam a tesedort rouletteuma contração fiscal expansionista. Até Alberto Alesina, o arquiteto dessa teoria, agora admite suas falhas. Contudo, o governo promete que dessa vez a contração fiscal vai funcionar tão bem que alémdort rouletteser expansionista será progressista, algo que será inédito na história do capitalismo.
(ii) As chamadas medidas microeconômicas, principalmente a ampliação da facilidade do sistema financeirodort rouletteexecutar garantiasdort roulettedevedores, como carros, casas e afins. Prometem que isso também reduzirá juros. A Febraban apoia efusivamente a medida que ela mesmo construiu e garante que os juros no Brasil são altos porque o nosso povo fica dando muita volta nos pobres bancos.
(iii) Citam medidasdort rouletteincentivo ao investimento privado, especialmente ambientais, como o chamado Planodort rouletteTransformação Ecológica. Será o mercado salvando o meio ambiente da destruição que ele mesmo gera.
(iv) Consideram que a suposta inovação do programadort roulettehedge cambial para reduzir o risco do especulador externo vai atrair investimentos.
Prosseguem com um espetáculodort rouletteplatitudes neoliberais, tão familiares aos discursos dos tucanos ao longo das décadas.
Entretanto, não posso terminar esse texto sem mencionar algo que me chamou bastante atenção: a curiosa aposta na ampliação da dívida externa. Aqueles minimamente familiarizados com a economia brasileira entendem bem o riscodort roulettetrocar dívida emitida na nossa própria moeda por dívidadort roulettedólares e outras moedas fortes. No entanto, para o governo, parece não haver diferença alguma. Vejam esse trechodort rouletteuma matéria assinada pelo Tesouro Nacional:
"A emissão reforça o papel importante da dívida externadort roulettetermosdort roulettealongamentodort rouletteprazo, diversificaçãodort rouletteindexadores e da basedort rouletteinvestidores (...)"
Por fim, o governo conclui no PLDO que é a austeridade fiscal que vai matar a fome e a insuficiênciadort rouletteserviços públicos no Brasil:
"Políticas fiscais bem elaboradas, dentrodort rouletteum arcabouço que prima por responsabilidade fiscal, podem mitigar os problemas sociais que assolam a população brasileira, como a fome, a oferta ainda insuficiente dos serviços públicos e as desigualdades."
