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Eugênio Bucci

Professor Titular da ECA-USP. Autor, entre outros livros,propaganda para apostas esportivasExiste democracia sem verdade factual? (Editora Estação das Letras e Cores, 2019)

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Consumindo Cuba

'A tragédia cubana não se explica pela derrocada das relaçõespropaganda para apostas esportivasprodução, mas pelo esvaziamento das relaçõespropaganda para apostas esportivasconsumo', afirma Eugênio Bucci

Cuba (Foto: Alexandre Meneghini / Reuters)
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Publicado originalmente no site A Terra é Redonda

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Não é apenas uma estrela que fenecepropaganda para apostas esportivascéu incerto, não é somente um ocaso triste; a perdapropaganda para apostas esportivasvitalidade da saga insurrecional que balançou o mundo há seis décadas tem a envergadurapropaganda para apostas esportivasum evento histórico mais denso, que não podemos desistirpropaganda para apostas esportivascompreender. A agonia lenta e progressiva tem pelo menos duas dimensões: no plano mais imediato, o das coisas práticas, fracassa um regime e um modopropaganda para apostas esportivasgovernar; no plano menos tangível, o que vem abaixo é uma utopia do tamanho do mundo, uma utopia desproporcionalmente maior do que a modesta tripapropaganda para apostas esportivasterra caribenha onde um dia se instaloupropaganda para apostas esportivasmeio a gritospropaganda para apostas esportivasvitória, jipes claudicantes, charutos rebeldes e mochilas puídas. A derrota que se expressa agora como faltapropaganda para apostas esportivasfuturo é a calcinaçãopropaganda para apostas esportivasum sonho.

Explicações virão. Uns dirão que o bloqueio e as sanções impostas pelos Estados Unidos engendraram o estrago, e estarão certos. Outros sustentarão que o autoritarismo, os vezos ditatoriais e a insensibilidadepropaganda para apostas esportivasum poder que se ilhoupropaganda para apostas esportivassua própria gente são os responsáveis pelo fiasco – estarão certos também.

Passar férias naquelas plagas e naquelas praias era como praticar um esporte radical, como experimentar uma clandestinidade sem correr riscopropaganda para apostas esportivasir para a cadeia. Eram férias inebriantes, como brincarpropaganda para apostas esportivasguerrilha tendo um mojito numa mão e um Cohiba na outra.

No fundo, porém, o frenesi supostamente militante não passavapropaganda para apostas esportivasuma caprichosa modalidadepropaganda para apostas esportivasconsumo: os turistas autodenominados “de esquerda” deglutiam com voracidade os dramas humanos do “período especial”, os infortúniospropaganda para apostas esportivashomossexuais que sofriam perseguição do regime, o heroísmopropaganda para apostas esportivasfamílias que criavam porcos dentropropaganda para apostas esportivasapartamentos para ter o que comer. Adoravam tudo isso, pois tudo isso fazia parte da luta que venceria a exploração do homem pelo homem.

Pode ser cruel dizer isso, mas é o que é: se Cuba hoje desliza para o malogro, desliza menos porque perdeu um embate político, e mais por ter deixadopropaganda para apostas esportivasser o objeto do desejo das massas – não das massas proletárias, mas das massas consumidoras internacionais. Apropaganda para apostas esportivastragédia um tanto melancólica não se explica pela derrocada das relaçõespropaganda para apostas esportivasprodução, mas pelo esvaziamento das relaçõespropaganda para apostas esportivasconsumo. Os outdoorspropaganda para apostas esportivasChe Guevara, Fidel e Camilo Cinfuegos desbotaram.

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